Há 30 anos o Brasil parava e chorava pela morte de Ayrton Senna. Já ídolo nacional, o tricampeão de Fórmula 1 se tornou uma lenda do esporte mundial ao morrer no dia 1º de maio de 1994, aos 34 anos, depois de bater a sua Williams na curva Tamburello, no circuito de Ímola, na Itália.

Inaugurado em 1992, o Autódromo Internacional passou a se chamar Ayrton Senna após a aprovação de um projeto de lei em junho de 1994
Inaugurado em 1992, o Autódromo Internacional passou a se chamar Ayrton Senna após a aprovação de um projeto de lei em junho de 1994 | Foto: Ronaldo Gusmao/istock

A morte prematura e no auge da carreira, deixou uma lacuna e um vazio ainda não preenchidos até hoje no automobilismo nacional. Mas Senna deixou também uma trajetória vitoriosa e um legado que inspira as novas gerações. As homenagens e referências ao tricampeão mundial se espalharam ao longo destas três décadas no Brasil e também em muitas partes do mundo.

Londrina homenageia o piloto com duas importantes referências da cidade. Inaugurado em 1992, o Autódromo Internacional passou a se chamar Ayrton Senna após a aprovação de um projeto de lei em junho de 1994. A Avenida Ayrton Senna, principal via da Gleba Palhano, bairro nobre da zona sul da cidade, também lembra do tricampeão.

O representante comercial Cesar Ferro, 56 anos, ressalta que Ayrton Senna sempre foi uma inspiração para a sua paixão pelo automobilismo, que começou ainda na infância. "Aos 18 anos, comprei um Maverick e comecei a tirar racha na Via Expressa. Em 1999, consegui comprar meu primeiro fusca e comecei a correr no Speed, onde estou até hoje", relembra. A idolatria por Senna vai até na hora de escolher o número do carro.

"Todo mundo queria o número 12, que era o número que o Senna corria. Mas só podia ter um número 12 em cada categoria. Só em 2015 sobrou um número 12 vago e consegui registrar o meu carro. Já recebi várias ofertas para repassar o número, mas não abro mão de jeito nenhum", garante.

Para o piloto Beto Borghesi, organizador das 500 Milhas de Londrina, Senna está na galeria dos maiores pilotos de todos os tempos e teria conquistado outros títulos se não fosse o acidente. Senna foi campeão mundial em 1988, 1990 e 1991. "Perdemos a referência. Com certeza, ele despertou o amor pelo automobilismo por várias gerações. Tenho certeza que todo mundo sabe onde estava no dia 1º de Maio de 1994", frisou.

A morte prematura e no auge da carreira, deixou uma lacuna e um vazio ainda não preenchidos até hoje no automobilismo nacional.
A morte prematura e no auge da carreira, deixou uma lacuna e um vazio ainda não preenchidos até hoje no automobilismo nacional. | Foto: Antônio Gaudério/Folhapress

Ayrton Senna transformou as madrugadas e manhãs de domingo em um evento nacional. Milhões de brasileiros ficavam à frente da TV torcendo e vibrando com as vitórias e títulos do piloto.

"As corridas se tornavam um evento, era algo sagrado na minha casa. Chorei como se tivesse perdido uma pessoa da família e me emociono até hoje com a lembrança do acidente", revela Ferro. "Meu filho nasceu um mês após a morte do Senna e sabe muito da história dele. Até as gerações mais novas se interessam e acredito que ainda por muitos anos vamos falar de Senna."

ÍDOLO

O jornalista Alberto Macedo trabalhou na editoria de esportes da FOLHA por 18 anos e era especialista em automobilismo. Participou de várias coberturas in loco de GPs Brasil em São Paulo e também no Rio de Janeiro.

Macedo lembra que a idolatria por Senna era tanta que o automobilismo virou quase uma febre nacional. "Havia um excesso de pilotos nas provas de kart, inclusive crianças. Muitos queriam seguir carreira, sair do Brasil e trilhar os passos do ídolo", afirmou. "Senna se tornou um ídolo pelo carisma dele e por ser uma pessoa simples, apesar da fama. Ele vivia e respirava automobilismo. Era muito veloz, centrado na pista e se interessava também na parte mecânica. Senna era o Pelé da Fórmula 1", compara.

O jornalista frisa que é impossível saber até onde Senna teria chegado na Fórmula 1 se não tivesse a carreira interrompida de forma prematura. "Aumentaria seus números? Não temos como saber. Teria sucesso nos dias de hoje? Também não sabemos. Mas acredito que pilotos da época de Senna, onde contava muito mais o braço e o talento, se dariam muito bem nos dias de hoje, com tanta tecnologia à disposição."