O campus de Jandaia do Sul da UFPR (Universidade Federal do Paraná) completa 10 anos em 2024. Criado para atender as demandas de toda a região Norte do Paraná, está em vias de ampliação, tanto na parte estrutural, com a sede própria, quanto na gama de cursos. Com mais de 500 alunos, a instituição foi protagonista durante a pandemia de Covid, com a fabricação e distribuição de itens de higiene e segurança.

Diretor da instituição, José Eduardo Padilha explica que o campus foi inaugurado em 2014 com a proposta de trazer ensino, tecnologia e inovação de qualidade para a região. A unidade conta com cinco cursos escolhidos para atender as demandas regionais, com foco na área das engenharias e das licenciaturas.

Embora o campus esteja localizado entre duas grandes cidades, Londrina e Maringá, estar no interior é um desafio, aponta o diretor, principalmente em relação à estrutura. Hoje, a instituição funciona em um prédio alugado pelo município, mas, como presente de 10 anos, o projeto da “casa própria” deve começar a sair do papel ainda neste ano.

No ano passado foi publicado o edital de licitação da obra, que deve começar até o final do ano. Com mais de 9 mil m² de construção em uma área de cerca de 14 mil m², a obra será construída com recursos próprios e estaduais, ultrapassando a casa dos R$ 25 milhões. A expectativa é que a obra seja entregue em dois anos.

Com a “casa própria”, o diretor explica que vai ser possível ampliar o número de cursos da instituição. Hoje, são ofertados engenharia agrícola, engenharia de alimentos, engenharia de produção, licenciatura em ciências exatas e licenciatura em computação.

Com a primeira turma prevista para começar em 2024, o campus de Jandaia do Sul da UFPR vai começar a ofertar o curso de Inteligência Artificial e Engenharia de Software. Com 40 vagas, o curso promete atender as demandas atuais relacionadas ao mundo da tecnologia.

Para 2026, as comissões de avaliação já estão em andamento para criar os cursos de agronomia e de física computacional. “A gente tenta se alinhar com essas demandas regionais, principalmente para a área de inteligência artificial e de cursos que trazem a formação para solução de problemas de alta complexidade, como o curso de física computacional”, explica.

A migração para uma estrutura própria também vai possibilitar a implementação de um projeto pioneiro junto ao governo estadual para levar alunos do ensino médio das escolas estaduais para dentro dos laboratórios da instituição.

Em um período, os alunos terão as aulas normais e no contraturno vão ao campus para aulas nos laboratórios. “Com isso, a gente consegue ter uma continuidade. O aluno faz o Ensino Médio e já vai acompanhando a universidade de perto. Ele vive esse ambiente tecnológico durante a sua formação. Nós temos que tentar resgatar o interesse do jovem pela tecnologia, pela ciência, pelo ensino superior”, explica.

Com 500 alunos, anualmente o campus oferta cerca de 120 vagas através do vestibular, número que deve ser ampliado com os novos cursos. Por conta da pandemia, foi registrada uma queda no número de estudantes que retornaram após o período de ensino à distância.

O campus contava com mais de 800 estudantes, número que foi reduzido com a pandemia por conta da opção de muitos em permanecer no remoto em outra instituição após a retomada das atividades presenciais.

“A gente está tentando agora com a criação desses novos cursos e com essas novas abordagens resgatar um pouco desses alunos que a gente foi perdendo”, aponta.

Dentre as novidades do campus de Jandaia da UFPR para o segundo semestre, está a criação de uma especialização que vem de encontro com as demandas dos Núcleos Regionais de Educação (NRE). Com duração de 12 meses, a especialização em tecnologias educacionais vai englobar assuntos como a informática na educação, pensamento computacional e robótica.

PANDEMIA

Durante a pandemia, o campus foi protagonista no que diz respeito à disponibilização de itens básicos. Foram produzidos mais de 90 mil litros de álcool líquido e em gel, 10 mil máscaras de proteção facial e 11 toneladas de sabão, que foram distribuídos para órgãos e instituições de toda a região.

Em parceria com a Itaipu Binacional, vai ser colocado em prática nos próximos meses um projeto na área da saúde. Segundo ele, o “teste do pezinho” convencional consegue identificar cinco doenças; com esse projeto, vai ser possível diagnosticar mais de 60.

“A gente [universidade] tem um papel fundamental, que é devolver para a comunidade o que a gente tem de tecnologia que pode mudar a vida das pessoas”, finaliza.

EGRESSOS

O engenheiro de produção Gabriel Oberdan Boychiko, 28, ingressou no campus de Jandaia do Sul da Universidade Federal do Paraná em 2015. Natural de Telêmaco Borba, ele sempre esteve envolvido com o setor industrial, sendo que a graduação na área da engenharia da produção foi uma forma de aprimorar os conhecimentos e a atuação no segmento.

“Resido em uma região com uma forte presença industrial, [então] seguir nessa direção representava uma perspectiva de futuro bastante atrativa para mim”, explica.

Ao longo de quatro anos de curso, Boychiko afirma que foi muito bem acolhido e que os aprendizados superaram as paredes das salas de aula, principalmente nos projetos de extensão e de iniciação científica. “Sem dúvidas, todas essas experiências contribuíram significativamente para o meu crescimento pessoal e profissional”, ressalta.

Boychiko garante que ter a oportunidade de colocar no currículo a graduação em uma universidade pública de renome é um diferencial para o profissional. “Eu, sendo do interior do estado, não teria condições de me manter em Curitiba, por exemplo, que até então era o único local onde a UFPR oferecia o curso que escolhi. O surgimento do campus de Jandaia do Sul da UFPR me permitiu acessar essa oportunidade de ingressar em uma universidade pública”, admite.

Recém-graduada em ciências exatas, Valquiria Santos Pedroso da Silva, 22, admite que o gosto pela área de exatas, assim como pela licenciatura, sempre a acompanhou, sendo que a escolha do curso já era certa.

Dentre os pontos positivos do campus de Jandaia da UFPR, ela destaca que os docentes são receptivos e estão sempre disponíveis para tirar dúvidas dos alunos. “Eu vim para Jandaia justamente por ser uma universidade pública e por ser uma universidade federal, então eu acho que isso contribui muito para a nossa formação pelo ensino ser de muita qualidade”, afirma.