O lixo, de todos os tipos, toma conta da área na rua Chile, no centro de Londrina. O lugar vazio acabou ocupado também por pessoas em situação de rua e usuários de drogas. Cenário de insegurança e risco à saúde a poucas quadras de um colégio estadual e de uma escola municipal. “Sou morador do bairro há cerca de dez anos e de uns anos para cá tem se agravado a situação desse mocó. Têm pessoas que circulam nesse espaço, que não tem condição de morar. Depois que demoliram o mocó da rua Belém aumentou o número de pessoas. Além disso, é um foco imenso de dengue”, relatou um morador da Vila Brasil.

O problema quando se fala em imóvel abandonado na cidade não se restringe a este terreno. Levantamento obtido pela reportagem junto à prefeitura, por meio da Lei de Acesso à Informação, mostra que atualmente são 107 locais em estado de abandono, sendo que 50 estão na área central, ou seja, 47% do total. A maioria são residências, 36, seguido de comércios (8), terrenos (4) e prédios públicos (2).

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Faz parte desta lista a antiga sede do conselho tutelar, na rua Belém, que há dois anos mudou de endereço por conta dos constantes furtos. Desde então, a casa não foi mais ocupada, no entanto, se tornou abrigo para quem vaga pelas ruas. “Quebraram a porta, entortaram o portão para entrar e acabou que o mocó na esquina da Belém com a Bahia só mudou de endereço. A situação fica complicada, porque têm muitos comércios no entorno. É mais sensação de insegurança, eles ficam sempre de olho em nós”, comentou um rapaz que trabalha na região.

A uma quadra da Cohab (Companhia Municipal de Habitação), na rua Pernambuco, outro mocó tem incomodado a vizinhança. O espaço servia no passado como estabelecimento comercial, porém, hoje a realidade é outra. “Passo em frente todos os dias e conto de cinco a seis pessoas nesse imóvel. A porta de vidro tinha uma grade de metal, mas cortaram para invadir por um buraco. Está cheio de lixo, cola de sapateiro, colchão”, contou uma moradora, que preferiu não ser identificada.

Imagem ilustrativa da imagem Quase 50% dos imóveis abandonados em Londrina estão na área central
| Foto: Roberto Custódio

OUTRAS REGIÕES

Durante as fiscalizações, a GM (Guarda Municipal) constatou a presença de pessoas em 29 imóveis, com 142, entre homens e mulheres, qualificadas. Outra localidade com dezenas de imóveis abandonados é a leste, com 29. Na sequência estão as regiões oeste e norte, com dez cada, sul, com seis, e os distritos, com dois.

RELATÓRIO

A guarda destacou que quando acionada ou de ofício faz a visita nestes locais e que “elabora um relatório circunstanciado descrevendo as condições gerais”, “encaminhando às demais secretarias constantes no decreto para apreciação das informações e providências conforme competências”. O decreto mencionado é de 2022 e norteia o procedimento de fiscalização multidisciplinar em imóveis abandonados na cidade. A PM (Polícia Militar) ressaltou que os mocós são monitorados e que está “interessada na segurança dos vizinhos e comerciantes.”

Imagem ilustrativa da imagem Quase 50% dos imóveis abandonados em Londrina estão na área central
| Foto: Roberto Custódio

RESPONSABILIDADES

Já a prefeitura pontuou, em nota, que “se é área particular (a responsabilidade) cabe aos proprietários” e que no caso dos prédios do município “as abordagens serão intensificadas”. Sobre as pessoas em situação de rua, frisou que “estão sendo feitas operações na área central para dar destinação aos que desejam ir para as cidades de origem, internamento para os que precisam de atendimento médico e abrigo para os que querem voltar ao convívio social.”

PROPOSTA

No começo de abril o vereador Roberto Fú apresentou um projeto de lei com a intenção de desapropriar os imóveis abandonados em Londrina. A tramitação da proposta, entretanto, foi interrompida até o final de maio a pedido do parlamentar, que justificou que irá ouvir sugestões. Quem convive nas proximidades dos mocós cobra uma solução ou medidas mais efetivas das autoridades. “A prefeitura precisa tomar uma providência urgente pelos aspectos de saúde e segurança”, pediu o morador da Vila Brasil.