Avaliado em R$ 665,65 bilhões, o PIB (Produto Interno Bruto) do Paraná é o quarto maior do país, segundo dados do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) referentes a 2023. Desse total, R$ 145,53 bilhões foram gerados pela indústria e R$ 73,66 bilhões pela agropecuária. O setor produtivo paranaense avalia, no entanto, que esses resultados poderiam ser ainda mais expressivos com a solução de gargalos que impedem o avanço industrial no Estado.

As dificuldades na obtenção de mão de obra qualificada, problemas com o fornecimento de energia elétrica, que afetam o processo de automação das indústrias, a baixa automação e questões relacionadas à infraestrutura são os quatro principais desafios a serem superados para impulsionar os resultados da indústria no Paraná. “Temos esses quatro assuntos básicos e emergenciais”, apontou o membro do Conselho Deliberativo da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Valter Orsi, que coordenou, em Londrina, a realização do Fórum Regional da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), promovido nesta sexta-feira (3).

PERFIL

No evento, foi apresentado um perfil da indústria do Norte do Estado – área que tem municípios como Londrina, Arapongas, Cambé, Rolândia e Apucarana entre os mais industrializados. Respondendo por 21% do PIB regional – abaixo da média estadual, que é de 27% –, a indústria gera mais de 145 mil postos de trabalho na região, tendo entre os principais empregadores os setores de abate de suínos e aves, fabricação de móveis, confecção de peças de vestuário, construção de edifícios e fabricação de produtos alimentícios.

Em termos de crescimento do PIB industrial, entre 2011 e 2021 a região demonstrou uma evolução abaixo de outras localidades. Enquanto o valor gerado pelo setor no Norte do Estado cresceu 84% nesse período, nos Campos Gerais o aumento foi de 158% e, no Oeste, de 171%. Para a Fiep, isso demonstra que ainda há um grande potencial para o desenvolvimento do parque industrial regional.

POTENCIAL

O evento itinerante foi idealizado pela Fiep para mostrar a importância da indústria aos agentes transformadores, grupo do qual fazem parte lideranças empresariais, políticas e representantes de entidades públicas e da sociedade civil organizada. “O Paraná é a quarta força industrial do Brasil e com características de poder crescer cada vez mais. E a Região Norte é muito forte”, destacou o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos. Diante desse potencial, é preciso insistir na importância da indústria como um dos tripés da economia e chamar a atenção do governo do Estado para a necessidade de criar condições favoráveis à política industrial.

Neste ano, o Fórum já passou por Cascavel, Francisco Beltrão e Maringá e até junho irá acontecer ainda em Irati, Ponta Grossa e Guarapuava, antes do encerramento, em Curitiba, onde as discussões deverão incorporar também as demandas do Litoral. O Fórum Regional da Fiep antecede o lançamento dos Fóruns Permanentes Regionais da Indústria, mantidos pela federação.

DESCENTRALIZAÇÃO

“É de extrema importância essa regionalização que a Fiep está fazendo no setor da indústria. A indústria, no Paraná, é muito focada na capital e Região Metropolitana. Colocando um fórum permanente aqui, para poder se trabalhar e ver as nossas dores, fortalece a nossa região. As pessoas que vão estar aqui, trabalhando no dia a dia, no fórum, vão estar muito ligadas à presidência da Fiep, em Curitiba”, disse o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná), Fernando Moraes.

As discussões levantadas no Fórum Regional antecedem os debates em torno da construção da agenda, a primeira etapa no ciclo de políticas públicas. “É o início de uma construção de agenda. Quando somarmos todas as regiões, pegando as peculiaridades de cada uma delas, vamos ter, com certeza, uma boa contribuição com o poder público para uma política pública estadual industrial muito contundente”, explicou o presidente da Fiep.

Vasconcelos ressaltou o projeto de interiorização do trabalho da Fiep na atual gestão, em resposta às críticas do setor produtivo de todo o Estado que avaliam que a atuação da Federação esteve sempre muito voltada às demandas da capital. “O objetivo dessa diretoria, que inclusive é composta por vários diretores do Norte do Paraná, é que a gente consiga fazer a interiorização da Federação, trazendo muitos trabalhos que a Fiep faz na capital, fazendo muitos conselhos temáticos setoriais chegarem aqui na base.”

ESTADO

O secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo às Barros, tem acompanhado os fóruns realizados interior e afirma que o governo do Paraná é sensível às reivindicações do setor produtivo. Ele percebe uma similaridade entre os problemas que afetam as indústrias, independentemente da região onde estão instaladas, e destacou que as demandas de cada área são encaminhadas aos órgãos responsáveis, como Secretaria de Estado da Fazenda, Invest Paraná, Copel e Sanepar.

Barros frisou, porém, que em razão da maior proximidade com o Porto de Paranaguá, a capital sempre estará em vantagem na atração de investimentos. “Como secretário, não consigo chegar ao empresário e levar a empresa para o interior porque eu disputo essas empresas com outros estados. Se a gente não está onde o empresário quer, ele vai para Blumenau, Joinville, São Paulo, Ribeirão Preto. Então, infelizmente, haverá sempre uma concentração de investimentos maior na Região Metropolitana de Curitiba.”