São Paulo - O Rio Grande do Sul chegou, na noite desta segunda-feira (6), à marca de 85 mortes em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da última semana.

O número de mortos pode aumentar ainda mais nos próximos dias, pois há um total de 134 desaparecidos, além de 339 feridos. Também há quatro óbitos em investigação.

De acordo com a Defesa Civil, há 47.676 desabrigados, instalados em alojamentos cedidos pelo poder público, e 153.824 desalojados. Do total de 497 municípios do estado gaúcho, 385 foram afetados pelas fortes chuvas da região.

Em meio à pior tragédia climática já vista no estado, com todos os serviços básicos afetados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que vai destravar obstáculos da burocracia para garantir o socorro às vítimas e prometeu ações de longo prazo.

Em viagem ao Rio Grande do Sul pela segunda vez em uma semana, o presidente Lula prometeu neste domingo (5), após sobrevoo de áreas afetadas, a criação de um "plano de prevenção de acidente climático".

"É preciso que a gente pare de correr atrás da desgraça. É preciso que a gente veja com antecedência o que pode acontecer de desgraça", afirmou o presidente. O plano de prevenção, segundo Lula, deverá ser desenvolvido pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual e quase 200 mil alunos foram impactados. Um total de 386 escolas tiveram sua estrutura danificada pela chuva.

A previsão é que, nesta semana, a temperatura caia no Rio Grande do Sul nesta semana. A partir de quarta-feira (8), a expectativa é da chegada de uma frente fria na região. Em algumas regiões do estado os termômetros podem marcar mínimas de 10°C, o que pode causar ou agravar a hipotermia das pessoas que ainda não conseguiram ser resgatadas e estão em locais sem acesso a abrigo e alimentos.

As chuvas que devastaram cidades do Rio Grande do Sul também chegaram a Santa Catarina e ao Paraná, causando outras três mortes.

Lula enviou nesta segunda-feira ao Congresso um projeto de decreto legislativo reconhecer estado de calamidade pública em parte do território nacional, em decorrência da tragédia climática no Rio Grande do Sul.

A proposta busca facilitar a liberação de verbas ao estado. O chefe do Executivo afirmou que a ideia é a medida dê "celeridade para que as coisas atendam a necessidade do Rio Grande do Sul nesse momento de calamidade".

"Esse é o primeiro de um grande número de atos que vamos fazer em benefício dos nossos irmãos do Rio Grande do Sul", afirmou. O governo federal ainda não detalhou quais medidas serão adotadas, nem valores calculados para a reconstrução após a tragédia.

O petista fez o anúncio em reunião ao lado dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no Palácio do Planalto.

A SSPS (Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo) e a Polícia Penal do Rio Grande do Sul transferiram 1.057 presos da Penitenciária Estadual do Jacuí para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas por causa de inundações provocadas pelas chuvas.

Os demais detentos de Jacuí foram transferidos para galerias superiores da própria unidade.

De acordo com Mateus Schwartz, superintendente da Superintendência dos Serviços Penitenciários, as transferências, que foram feitas na última sexta-feira (3), são provisórias. "Tão logo a água volte à normalidade e comece a baixar, esses presos serão removidos novamente para suas casas de origem" afirmou o superintendente.

Segundo ele , duas ou três das sete unidades do complexo prisional de Charqueadas acabaram sofrendo com as cheias provocadas pelas tempestades e inundações dos últimos dias no Rio Grande do Sul.

O decreto de calamidade precisa ser apreciado pelo Congresso Nacional. O projeto do Executivo propõe que os efeitos se estendam até 31 de dezembro de 2024.