A pandemia acelerou a transformação digital em vários níveis e pessoas que não tinham o hábito de fazer compras ou transações bancárias pela internet começaram a entrar no desafiante mundo das facilidades digitais. Facilidades que trazem uma questão preocupante: como se defender de golpes aplicados por criminosos que transitam pelo ambiente digital?

A segurança no ambiente digital voltou à tona na semana passada depois que a empresa Psafe, de segurança da informação, alertou para um mega vazamento de dados de brasileiros. Informações de 223,74 milhões de brasileiros caíram na rede. O número de pessoas expostas é maior do que o total de habitantes do Brasil porque, segundo a companhia, pode incluir informações de pessoas que já morreram e CPFs inativos.

Na edição do último fim de semana, a FOLHA abordou o tema e em entrevista à reportagem, o advogado especialista em cibercrimes, Ronaldo Garcia, afirmou que com esse vazamento, dificilmente um brasileiro tenha escapado de ter seus dados expostos na internet, ao alcance de golpistas de todos os tipos.

Trata-se de um escândalo de proporções enormes e, infelizmente, pouca repercussão teve entre as autoridades do país. O arquivo tem 14 GB de tamanho, aparentemente foi compilado em agosto de 2019 e divulgado em um fórum famoso em expor esse tipo de informação na internet aberta e não na deep web. Já outra versão do arquivo, com mais dados, foi colocado à venda por preços que variam de US$ 0,075 a US$ 1 por CPF, dependendo da quantidade comprada. No total, são 37 bases que incluem todo tipo de dado pessoal, incluindo RG, estado civil, lista de parentes, nível de escolaridade, salário, renda, poder aquisitivo, status na Receita Federal e INSS e até foto de rosto.

As informações são uma “mina de ouro” para operações de marketing, no caso de empresas, ou fraudes, se usada por criminosos. Por isso, é muito importante que todos redobrem os cuidados com suas contas bancárias e dediquem mais atenção ao extrato de seus cartões de crédito, por exemplo. Desconfiar é a palavra de ordem. Não passe informações e nem compartilhe senhas ou entregue cartões para estranhos.

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados, órgão ligado à presidência da República, precisa fazer uma investigação séria sobre esse vazamento e dar uma satisfação à sociedade. Ao mesmo tempo em que as agências bancárias têm o dever de orientar seus clientes de forma competente sobre como se proteger de golpistas.

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